A cantora Pitty gosta de misturar opostos. Uma prova recente muito  marcante disso é a música Me Adora, do seu CD mais recente,  Chiaroscuro, que tem uma letra forte e até um palavrão no refrão, mas  uma melodia calma, que lembra muito canções da Jovem Guarda e bandas  internacionais fofas dos anos 60, como as Ronettes. Outra prova disso é o  figurino de palco dessa roqueira baiana forte, que é fã do estilo das  pin-ups e cria suas próprias roupas. 
Enquanto ela canta hits dos Ramones, se apresenta com vestido rodado e  acinturado, como uma típica modelo dos anos 20 ou 30 que fotografava  brincando de mostra e esconde com as roupas e deixava pairando no ar a  ideia de “ops, apareceu!”, quando o decote aumentava ou a saia subia.
- Me identifico com essa feminilidade lúdica, inocente e sacana ao  mesmo tempo.
A responsável pelo figurino de palco de Pitty é a estilista Bia  Machado, irmã do baterista da banda dela, Duda Machado. A cantora conta  que procura referências em revistas e em sites de pin-up na internet e  mostra para a estilista, que costura de acordo com as instruções de  Pitty.
- Para o figurino do clipe Me Adora, por exemplo, eu disse  para ela que queria um vestido que fosse como uma camisa polo longa. E  ela fez um modelo bem estilizado.
Pitty conta que tem alguns cuidados básicos para escolher essas  roupas de show.
- Fico de olho no comprimento da saia, para não "pagar" calcinha!
E ela tem um truque bom para não mostrar mais do que deve: usa  caleçons (calcinhas mais compridas, como minishorts) por baixo dos  vestidos. Além disso, conta que o busto precisa estar bem seguro e  ajustado, para que nada apareça entre tantos movimentos no palco. Por  isso as peças são sempre bem justas e com bojo na parte de cima.
Não é só a paixão por moda que leva Pitty a criar suas próprias  roupas. Ela conta que não gosta de ir a lojas fazer compras, por achar  esse momento muito pessoal e se sentir envergonhada de fazer isso na  frente de outras pessoas.
Mas ainda assim gosta de reservar um tempo para conhecer as roupas da  Cavalera [ela usava um vestido da grife com um jeans escuro durante a  entrevista para esta reportagem] e de Alexandre Herchcovitch, que ela  diz serem suas grifes favoritas.
Na maquiagem, Pitty gosta das marcas internacionais M.A.C e Lancôme, e  para shows não dispensa um olho bem marcado, com sombras coloridas ou  pretas, mas procura maneirar no batom, que “acaba borrando enquanto  canta”.
Nós pés, a baiana tem usado tênis All Star ou Adidas, por falta de  sua bota mais amada.
- Eu tinha um coturno com plataforma que eu amava, usava com tudo.  Comprei há uns dez anos na Galeria do Rock [no centro de São Paulo]. Ele  era perfeito, mas de tanto eu usar ele ficou gasto, o solado furou.
E ela combinava esse coturno pesadíssimo com os vestidos fofos  inspirados em pin-ups. Sim, Pitty é uma mulher que gosta – e não tem  medo – das dualidades.
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